Umberto Eco

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“Não sei de nada. Não há nada que eu saiba. Porém certas coisas se sentem com o coração. Deixa falar o teu coração, interroga os rostos, não escutes as línguas..."

- Umberto Eco, em "O nome da Rosa" (tradução de Aurora Fornoni Bernardini e Homero Freitas de Andrade).



"[...] nem todas as verdades são para todos os ouvidos, nem todas as mentiras podem ser reconhecidas como tais por uma alma piedosa."

- Umberto Eco, em "O nome da Rosa" (tradução de Aurora Fornoni Bernardini e Homero Freitas de Andrade).



“Como é belo um livro, que foi pensado para ser tomado nas mãos, até na cama, até num barco, até onde não existam tomadas elétricas, até onde e quando qualquer bateria se descarregou. Suporta marcadores e cantos dobrados, e pode ser derrubado no chão ou abandonado sobre peito ou joelhos quando caímos no sono.”

- Umberto Eco, em "A memória vegetal: e outros escritos de bibliofilia" (tradução Joana Angélica d'Ávila).



“[…] Dizem que os gatos, quando caem da janela e batem o nariz, não sentem mais os cheiros e, como vivem do olfato, não conseguem mais reconhecer as coisas. Eu sou um gato que bateu o nariz. Vejo coisas, entendo com certeza do que se trata, lá embaixo as lojas, aqui uma bicicleta que passa, lá as árvores, mas não… não os sinto em meu corpo, é como se tentasse enfiar o paletó de um outro.”

- Umberto Eco, em "A misteriosa chama da rainha Loana" (tradução Eliana Aguiar).



"As ilusões caem uma após outra, como as cascas de uma fruta, e a fruta é a experiência."

- Umberto Eco, em "Seis passeios pelos bosques da ficção" (tradução Hildegard Feist).



"Porque é verdade. Mas não penses que te censuro. Se queres transformar-te num homem de letras, e quem sabe um dia escrever Histórias, deves também mentir, e inventar histórias, pois senão a tua História ficaria monótona. Mas terás que fazê-lo com moderação. O mundo condena os mentirosos que só sabem mentir, até mesmo sobre coisas mínimas, e premia os poetas que mentem apenas sobre coisas grandiosas."

- Umberto Eco, em "Baudolino" (tradução Marco Lucchesi).



"E o que seremos nós, criaturas pecadoras, sem o medo, talvez o mais benéfico e afetuoso dos dons divinos? Durante séculos os doutores e os padres secretaram perfumadas essências de santo saber para redimir, através do pensamento daquilo que é elevado, a miséria e a tentação daquilo que é baixo."

- Umberto Eco, em "O nome da Rosa" (tradução de Aurora Fornoni Bernardini e Homero Freitas de Andrade).



"[...] pensara que todo livro falasse das coisas, humanas ou divinas, que estão fora dos livros. Percebia agora que não raro os livros falam de livros, ou seja, é como se falassem entre si. À luz dessa reflexão, a biblioteca pareceu-me ainda mais inquietante. Era então o lugar de um longo e secular sussurro, de um diálogo imperceptível entre pergaminho e pergaminho, uma coisa viva, um receptáculo de forças não domáveis por uma mente humana, tesouro de segredos emanados de muitas mentes, e sobrevividos à morte daqueles que os produziram, ou os tinham utilizado."

- Umberto Eco, em "O nome da Rosa" (tradução de Aurora Fornoni Bernardini e Homero Freitas de Andrade).



“o livro é criatura frágil, sofre a usura do tempo, teme os roedores, as intempéries, as mãos inábeis. Se por séculos e séculos cada um tivesse podido tocar livremente os nossos códices, a maior parte deles não existiria mais. O bibliotecário portanto defende-os não só dos homens, mas também da natureza, e dedica sua vida a esta guerra contra as forças do olvido, inimigo da verdade.”

- Umberto Eco, em "O nome da Rosa" (tradução de Aurora Fornoni Bernardini e Homero Freitas de Andrade).



“Pode-se pecar por excesso de loquacidade e por excesso de reticência. Eu não queria dizer que é necessário esconder as fontes da ciência. Isso me parece antes um grande mal. Queria dizer que, tratando-se de arcanos dos quais pode nascer tanto o bem como o mal, o sábio tem o direito e o dever de usar uma linguagem obscura, compreensível somente a seus pares. O caminho da ciência é difícil e é difícil distinguir nele o bem do mal. E frequentemente os sábios dos novos tempos são apenas anões em cima dos ombros de anões.”

- Umberto Eco, em "O nome da Rosa" (tradução de Aurora Fornoni Bernardini e Homero Freitas de Andrade).





Umberto Eco ( 05 de janeiro de 1932, Alexandria, Itália - 19 de fevereiro de 2016, Milão Itália). Filósofo, semiólogo, linguista, historiador e escritor.